No Ocidente, o gesto de unir as mãos, acompanha a oração do crente que agradece, louva, procura ajuda ou pede perdão de seu deus. O gesto de Jesus falando, em que o polegar, o indicador e o dedo médio estão esticados e o anular e o dedo mínimo tocam a palma da mão, é chamado de gesto do Logos, simbolizando Cristo como filósofo. Mais tarde, a Igreja passou a utilizar este sinal como referente à autoridade do dogma cristão.
De um modo geral, o número de movimentos de que as mãos são capazes de executar é quase tão grande como o das palavras. Montaigne, no século XVI escreveria: "e quanto às mãos? Pedimos, prometemos, chamamos, despedimos, ameaçamos, rezamos, suplicamos, negamos, recusamos, interrogamos, admiramos, nomeamos, confessamos, arrependemos-nos, tememos, envergonhamo-nos, duvidamos, instruímos, ordenamos, incitamos, encorajamos, juramos, testemunhamos, acusamos, condenamos, absolvemos, injuriamos, desprezamos, desafiamos, desapontamos, lisonjeamos, aplaudimos, abençoamos, humilhamos, zombamos, reconciliamos, recomendamos, exaltamos, festejamos, celebramos, lamentamos, [...] calamos; e o que [mais] não?" (Montaigne (Ensaios II, XII)). As mãos servem ainda como elemento que difere os homens dos animais, como instrumento de trabalho, dotado da capacidade de construir coisas.
by Marilia Nogueira é mestre e professora de História, com interesse em culturas antigas e sociedades do oriente, particularmente em seus mitos, ritos e símbolos.
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