TEMPEROS DA ALMA

Segundo Sartre, o poeta sente as palavras ou frases como coisas e não como sinais, a sua obra como um fim e não como meio, mas como uma arma em combate. Nietzsche , buscou na arte uma aprendizagem para Filosofia, mais ainda: uma experiência de vida em plenitude. Assim, por acreditar que há uma cumplicidade entre Arte e Filosofia que ambas são janelas através das quais podemos vislumbrar outras possibilidades para o pensar, analisar, comparar, conceituar e provocar mudança de atitude diante do que a vida tem de diferente .Além disso a Filosofia e a Arte provocam uma ação de desnudamento da ética e estética acordando palavras adormecidas, desencantando , encantando outras tantas palavras ditas e mal ditas. Mergulhada sobre a égide da minha própria existência como uma obra de arte em construção, da capacidade de ver no outro um outro de mim mesma e como alguém que usa da mística de encantar tornando mágico o existir lançando de outros olhares para Filosofar; compreender e viver melhor ! bem, essas foram as razões que me impulsionaram a criar esse espaço. Entre!! aqui é a nossa ágora. Traga o teu tempero: sal, alho, cravo,canela, cominho, mel, limão, gengibre ,colorau, cebola , camomila, gengibre, flores, cores, sabores , perfumes para Filosofar, Poetizar...Explicar o inexplicável, no explicável se perder para se achar,há em todos a loucura de cada um Ah! Vejo flores em você! Flor do Cerrado

domingo, 28 de agosto de 2011

Ao SaBoR Do ZOoM: FOTOGRAFIAS

Ao sabor do ZOOM : A vida em um click!! Click!!

Fotografar é encontrar - se com o mistério do “SER” da eternidade, há muitas maneiras de registrar a vida, mas a fotografia eterniza os momentos. O ato de fotografar é uma arte quando retrata corpos, paisagens, movimentos sociais, momentos históricos, cenas do dia-a-dia, a vida religiosa, cultural, social, política e econômica de um lugar..

O fotógrafo revela sua alma, seus desejos e sua ideologia através de olhos e dedos e pensamentos. Ao fixar uma imagem, ele coloca, num espaço só, a sua vida, a vida da comunidade e do próprio instante vivido. Nesse olhar está presente uma cultura, uma ideologia, ou seja, também é algo pessoal que vai para a imagem, mesmo que a gente não percebe.

A fotografia é um instrumento de conscientização sobre a realidade da qual vivemos, uma forma de perceber os erros e os avanços do passado como um importante papel da construção e memória coletiva. Fotografar não é um ato mecânico, vai além disso é um ato de engajamento social, embora não percebamos, é sempre bom sair por ai ao sabor do Zoom registrando vidas em um apenas click!! Click!!

sábado, 20 de agosto de 2011

FilosoFando - TempErOs Da ViDA: DoCe De SaL

Sabe, têm dias que a gente prefere se acomodar com tudo, calar diante da complexidade da vida, talvez para nos sentirmos mais confortáveis, para não sofrermos. Talvez para não olharmos para nós mesmos ou medo de assumirmos a nosso lado covarde e escolhemos viver por viver, a ponto de dizer eu sei, mas não devia...veja só como Marina Colasanti descreve esse estado que ora ou outra nos abate e necessário para tomarmos ou não um norte diante da vida.

                                                                 Eu sei, mas não devia


                                                                                Marina Colasanti

 Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.








terça-feira, 16 de agosto de 2011

AroMa do DivinO QuEreR: SarTrE e SiMonE de BeauvOiR

                                                        Entre o necessário e o contingente

Proseando...

Um casal sentado num banco da praça firmam um pacto de relacionamento. Ele fala: “Entre nós, trata-se de um amor necessário; convém que conheçamos também amores contingentes, assim foi a relação amorosa e intelectual entre Sartre e Simone de Beauvoir provou que existe amor verdadeiro, além de criar o existencialismo e uma revolução no pensamento humano.

O acordo consistia em vivenciar o “amor necessário” , aquele em que eles se complementam em uma série de sentidos e traz a felicidade para ambos; permitem-se também “amores contingentes” , ou seja, aqueles que ocorrem nos desejos eventuais, normalmente associados ao prazer carnal. Segundo Sartre, ambos são necessários à complementação da condição natural humana. E completa afirmando que os que dizem não sentir o amor contingente, na verdade disfarçam. Para ele , o que é chamado de traição deriva do amor contingente voltado a outra pessoa, é efêmero e fugaz. Sartre ao propor tal pacto de amor, antes de serem amantes, eles eram escritores, e como tal precisariam conhecer a fundo a alma humana, multiplicando suas experiências individuais e contando-os, um ao outro, nos mínimos detalhes. Os dois desafiaram a moral do seu tempo, engajando-se na contra-mão do censo comum vigente.

O relacionamento de Sartre e Simone foi, pouco convencional e durou cerca de 50 anos. O casal tornou-se um dos mais famosos da Filosofia.

domingo, 14 de agosto de 2011

DOcE dE SaL: As FacEtAs do AmOr

                                                 Narciso acha feio o que não é espelho. Caetano Veloso

E foi assim...

O mito de Narciso



Em tempos idos, na Grécia, o rio Cefiso engravidou a ninfa Liríope. Meses depois, Liríope, apesar de não desejar a gravidez, deu à luz uma criança de beleza extraordinária. Por causa disso, Liríope consultou o adivinho Tirésias sobre o futuro de seu filho, e ele vaticinou que Narciso viveria desde que nunca viesse sua própria imagem.

Sob essa condição, ele cresceu e tornou-se um moço tão belo quanto o fora em criança. Não havia quem não se apaixonasse por ele. Narciso, entretanto, permanecia indiferente.

Um dia, porém, estando sedento, Narciso aproximou-se das águas plácidas de um lago e, ao curvar-se para beber, viu sua imagem refletida no espelho das águas. Maravilhado com sua própria figura, apaixonou-se por si mesmo. Desesperadamente, passou a precisar do objeto de seu amor, viu que não conseguiria mais viver sem aquele ser deslumbrante. Sua vida reduziu-se à contemplação daquele jovem tão belo: desejava-o, queria possuí-la. Desvairado, inclinando-se cada vez mais ao encontro do ser amado, mergulhou nos braços frios da morte.

Ás margens do lago nasceu uma entorpecedora flor: o narciso. Ela relembra para sempre o destino trágico daqueles que, aparentemente apaixonados por si mesmo, era, na verdade, incapaz de amar.