TEMPEROS DA ALMA

Segundo Sartre, o poeta sente as palavras ou frases como coisas e não como sinais, a sua obra como um fim e não como meio, mas como uma arma em combate. Nietzsche , buscou na arte uma aprendizagem para Filosofia, mais ainda: uma experiência de vida em plenitude. Assim, por acreditar que há uma cumplicidade entre Arte e Filosofia que ambas são janelas através das quais podemos vislumbrar outras possibilidades para o pensar, analisar, comparar, conceituar e provocar mudança de atitude diante do que a vida tem de diferente .Além disso a Filosofia e a Arte provocam uma ação de desnudamento da ética e estética acordando palavras adormecidas, desencantando , encantando outras tantas palavras ditas e mal ditas. Mergulhada sobre a égide da minha própria existência como uma obra de arte em construção, da capacidade de ver no outro um outro de mim mesma e como alguém que usa da mística de encantar tornando mágico o existir lançando de outros olhares para Filosofar; compreender e viver melhor ! bem, essas foram as razões que me impulsionaram a criar esse espaço. Entre!! aqui é a nossa ágora. Traga o teu tempero: sal, alho, cravo,canela, cominho, mel, limão, gengibre ,colorau, cebola , camomila, gengibre, flores, cores, sabores , perfumes para Filosofar, Poetizar...Explicar o inexplicável, no explicável se perder para se achar,há em todos a loucura de cada um Ah! Vejo flores em você! Flor do Cerrado

domingo, 29 de maio de 2011

EsPinHos e FLoreS: O SaBoR dA ALmA


                                              QUATRO LEIS DA ESPIRITUALIDADE
                              Na Índia, são ensinadas as "Quatro Leis da Espiritualidade"

A primeira diz:
"A pessoa que vem é a pessoa certa". Significando que ninguém entra em nossas vidas por acaso, todas as pessoas ao nosso redor, interagindo com a gente, há algo para nos fazer aprender e avançar em cada situação.

A segunda lei diz:
"O que aconteceu? A única coisa que poderia ter acontecido".
Nada, absolutamente nada que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhum "se eu tivesse feito tal coisa ..., aconteceu que um outro ...". Não! O que aconteceu foi tudo o que poderia ter acontecido, e aconteceu para nós aprendermos a lição e seguirmos em frente. Todas e cada uma das situações que acontecem em nossas vidas são perfeitas.

A terceira diz:
“Toda vez que você iniciar é o momento certo". Tudo começa na hora certa, nem antes nem depois. Quando estamos prontos para iniciar algo novo em nossas vidas, é que a coisas acontecem.

E a quarta e última:
"Quando algo termina, ele termina". Simplesmente assim. Se algo acabou em nossas vidas é para a nossa evolução, por isso é melhor sair, seguir em frente e se enriquecer da experiência. Acho que não é por acaso que estão lendo isto, se este texto vem à nossa vida hoje, é porque estamos preparados para entender que nenhum floco de neve cai sempre no lugar errado!

Viva bem o amor com toda a tua alma e seja extremamente feliz!

ArOmAs e ErVas: AutORidAdE do MitO

O mito é uma história religiosa revelada com autoridade supostamente indiscutível. O passado é descrito como as tradições que não admitem nenhuma crítica: “É assim, porque foi dito que é assim”. O texto a seguir nos fala um pouco sobre isso.

O mito conta uma história sagrada, quer dizer, um acontecimento primordial que teve lugar no começo do Tempo, ab initio (desde o início). Mas contar uma história sagrada equivale a revelar um Mistério, porque as personagens do mito não são seres humanos: são Deuses ou Heróis civilizadores , e por essa razão as suas gestas( ações memoráveis) constituem Mistérios: o homem não poderia conhecê-los se lhos revelassem. O mito é, pois a história do que passou in illo tempore (naquele tempo), a narração daquilo que os Deuses e os Seres divinos fizeram no começo do Tempo. “Dizer” um mito é proclamar o que passou ab origine( desde a origem) Uma vez, dito quer dizer, revelado, o mito torna-se verdade apodítica: funda a verdade absoluta. É assim, porque foi dito que é assim; declaram os Eskimó netsillik (tribo de esquimós) a fim de justificarem a vaidade da sua história sagrada e de suas tradições religiosas.

                                                                                                        Mircea Eliade by Rosinha Flô

quarta-feira, 25 de maio de 2011

DoCe DE SaL : A filOsoFia Do AmoR

                    A PALAVRA AMOR ANDA VAZIA. NÃO TEM GENTE DENTRO DELA.
                                                                                                     Manoel de Barros

TeMpErOS da ALmA: A primAvErA dA RaZão

Os filósofos da primavera ou da razão assim foram chamados os pré-socráticos. O que eles traziam de novidades? Foram eles os responsáveis pelo início da investigação científica da compreensão de um mundo com o uso da razão, com indagações, provocações desencadeando uma nova visão de mundo. Diante desse universo dos pré-socráticos onde não bastava só compreender, mas era preciso provar, materializar, parece que de certa forma não havia limites entre filosofia e ciência, mas como estabelecer relação entre o início da filosofia e o início da ciência? O que os chamados filósofos da razão procuravam explicar a respeito das coisas da natureza?

Segundo Rubem Alves, a ciência inicia com problemas. Um problema significa que há algo errado ou não resolvido com os fatos. O seu objetivo é descobrir uma ordem invisível que transforme os fatos de enigma em conhecimento. Rubem Alves propõe uma viajem o retorno de séculos atrás para melhor compreendermos como os gregos começaram a pensar sobre o mundo e a se fazerem as perguntas com que os cientistas lutam até hoje. Porque as perguntas que eles fizeram não admitiam uma única resposta e final. Eram como portas que, uma vez abertas, vão dar em uma outra porta, muito maior, é verdade, que por sua vez dá em outra, indefinidamente. Seguindo o pensamento de Rubem Alves ele faz o seguinte questionamento: Você já notou que a nossa experiência cotidiana, o que vemos, o que ouvimos, sentimos, é um fluxo permanente de impressões que não se repete nunca? Tudo Flui nada permanece. Não se a pode entrar duas vezes num mesmo rio, dizia Heráclito de Éfeso.

A despeito disso – e aqui está algo que é muito curioso – nós somos capazes de falar sobre as coisas, de ser entendidos, de ter conhecimentos. Nunca mais haverá nuvens idênticas àquelas que produzem o temporal de ontem. A despeito disto serei capaz de identificar nuvens como nunca existiram antes de dizer que delas a chuva virá. Também nunca mais terei uma laranja como àquela que morreu de velhice. Mas serei capaz de identificar ma outra da mesma qualidade e de prever quanto tempo levará para começar a dar os seus frutos.

Como explicar que o meu discurso sobre as coisas não fique colado ás aparências? Parece que ao falar, eu sou capaz de enunciar verdades escondidas, ausentes do visível, expressivas de uma natureza profunda das coisas. Tanto assim que, quando falo, pretendo que estou dizendo a verdade não apenas sobre aquele momento transitório, mas também sobre o passado e o futuro. Essa foi a grande a obsessão da filosofia grega: estabelecer um discurso que falasse sobre a natureza íntima das coisas, que permanece a mesma em meio á multiplicidade de suas manifestações (..) . A leitura da filosofia grega nos introduz, passo a passo, ás diferentes fases desta busca, a partir dos filósofos milesianos que achavam que as coisas mantinham sua unidade em meio á multiplicidade porque, lá no fundo, todas se reduziam a um mesmo suco, uma mesma essência



A DoçuRA do ABraÇO

Das delicadezas da vida: Luz, Som, cheiro, cor e Sabor, brisa.
É assim o abraço, laços,  aconchego da alma, de coração com coração,
laços que entrelaçam.

sábado, 21 de maio de 2011

ArOmAs De FolhAS SeCas : pOeTiZanDO

                                                            CANÇÃO DE OUTONO


                                                          Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...

Cecília Meireles

FilOsOFaNDo: O pErfUmE dA RoSA

                 NaLGUM  LUgaR
               música :  Zeca Baleiro

Nalgum lugar em que eu nunca estive,
 alegremente além de qualquer experiência,
teus olhos têm o seu silêncio: no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto
teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos,
 nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala
 como a primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos belamente,
de repente
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;
nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua intensa fragilidade: cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira
(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre; só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas


terça-feira, 17 de maio de 2011

O Gosto Ardente da CeboLa: A nAtuReZa do hOmEm

                                             A herança iluminista e a crítica romântica


Esse o subtítulo de um capitulo do livro Antropologia e Educação produzido pelos autores Gilmar Rosa e Sandra P. Tosta aqui fazem um metáfora para ilustrar como o homem era visto enquanto objeto de estudo, segundo eles como se fosse uma espécie de “cebola” que pudesse ser destacada e sob cada fina camada retirada se descobrisse um nível mais profundo do que o homem é. No nível mais profundo, reside o biológico, no mais superficial, o cultural. E ao final, a visão do homem como uma só peça da natureza antes promover uma interação com a cultura aumenta a distância entre elas, exatamente porque vê o homem um ser estratificado composto de níveis diferenciados e pouco interligados, integrados”organicamente”. Assim, na corrente iluminista seriam aprofundadas as distinções entre o sujeito e o objeto do conhecimento, a natureza e a cultura, com base no triunfo do racionalismo científico. Vejamos quais são as bases do pensamento iluminista descritas pelo autores:

1. O homem não é naturalmente depravado;
2. A boa vida na Terra pode ser não só definida mas também alcançada;
3. A razão é o instrumento supremo do homem;
4. O conhecimento libertará o homem da ignorância, da superstição e dos males sociais;
5. O universo é ordenado;
6. Essa ordem do universo pode ser descoberta pelo homem e expressa por meio de quantidade e relações matemáticas;
7. Embora haja muitas maneiras de perceber a natureza, como , por exemplo, a arte, a poesia, a música, etc.., só a ciência pode chegar à verdade, que permitirá ao dominar a natureza;
8. A observação e a experimentação são os únicos meios válidos de descobrir a ordem da natureza;
9. Os fatos da observação são independentes do observador;
10. As qualidades secundárias não são suscetíveis de medida e, por isso, não são reais.
11. Todas as coisas da Terra são para o uso do homem;
12. A ciência é neutra, livre de valores e independentes da moralidade e da ética(Schwartz apud Morais, 1988, p 40-41)

Finalmente pensar que a busca iluminista da natureza (imutável) do Homem estão sob bases falaciosas é tentar compreender a construção do processo desse longo ou curto caminho da nossa existência ,  bem como indagar cotidianamente quais idéias iluministas podemos tomar como verdade absoluta? Essas idéias estão presentes nos discursos da sociedade vigente?

domingo, 15 de maio de 2011

O DeS (SABOR) DO NADA: SER E NÃO SER

           “O SER E O NÃO SER”

É durante a existência que o ser humano se faz se fazendo. Atrelado à teia cósmica existente entre o bem e o mal, o certo e o errado, o profano e o sagrado, a tradição e a modernidade entre outras revezes da vida é que o Homem vai se fazendo existir, existindo. Assim, com passos longos ou curtos, nessa busca ontológica do seu “ser”, ou seja, essa procura do sentido de sua existência, ele é encurralado a escolher que caminhos seguir e é quase que inevitável dissimular a sua fragilidade, sua dor, seus conflitos. Tudo flui nesse jogo e ás vezes é preciso “não ser” para descobrir o “ser” dentro de si, viver e morrer parecem ser reflexos da mesma imagem, a imagem do existir. Desta forma, o estar no mundo e com o mundo é essencial para o ser humano manter o vínculo existencial consigo mesmo e com os outros. Nas palavras de Sartre, se o homem não expressasse esse “vazio de ser”, sua consciência já estaria pronto, acabado fechada, por isso, o homem tem como essência específica o “não ser”, ou seja, algo indefinido e indeterminado.
Nas obras analisadas, os personagens Roquentim, da obra de Sartre, e Mariano, da obra de Mia Couto vão a busca desse “ser ontológico” mergulhando e banhando na própria vida, revisitando o passado, não permitindo que sentimentos, memórias, ou hábitos se imponham sobre o presente, se deparando a todo o momento com a complexidade da experiência do existir: “do ser e do não ser”.
Toda trama do existir dos personagens Mariano e Roquentim inicia-se a partir de uma viagem, uma viagem no sentido de espaço, de deslocamento de um lugar para outro, na perspectiva geográfica, e ao mesmo tempo a viagem na busca de compreender e dar sentido à vida, uma viagem em si mesmo e para si mesmo, cada qual com sua singularidade de seres inacabados.
O personagem Mariano, da obra “Um rio chamado tempo, uma casa chamada Terra”, é um jovem moçambicano intelectual que retorna à sua terra natal “Luar do Chão” quando recebe um chamado vindo através de uma carta para fazer o cortejo fúnebre de seu avô Marianinho. O jovem havia deixado sua terra natal para estudar, e considerando que o conhecimento possibilita a todo ser humana outra visão de mundo, abrindo caminhos para transformá-lo e ao mesmo tempo se transformando, o impacto da existência de Mariano entre o ontem e o hoje vai sendo tecido a partir dessa longa viagem de retorno ao cenário das águas do rio do Madzimi, é o retorno à sua morada, à sua casa, à sua terra natal “Luar do Chão”, onde o mesmo mergulha fundo nas suas memórias de menino. Nesse contexto, tudo se esvai e flui como a própria vida nesse encontro com a tradição, onde a vida está sendo rememorada e espelhada nas águas do rio Madzimi de forma dialética, contraditória, porque há o encontro entre a antítese da tradição e da atualidade.
Numa outra perspectiva está o personagem Antoine Roquentim, da obra “A Náusea” de Jean Paul Sartre. Roquentim é um jovem intelectual historiador, homem viajado com vários olhares sobre o mundo. Ele que durante muito tempo viveu na África Ocidental e na Ásia, viaja para França se instalando especificamente na cidade de Bouville em meio à guerra, para escrever a biografia do Marquês de Rollebon, da corte de Luís XVI. Subitamente, Roquentim é tomado por um mal estar ao adentrar e debruçar na pesquisa biográfica do Marquês, pois acaba fazendo uma viagem para dentro de si através do outro (Marquês de Rollebon e os demais personagens descritos em seu diário), provocando e redimensionando a sua própria existência a partir do esvaziamento de si (não ser) para dar de encontro às escolhas que fez ao longo dessa viagem que é a vida. Tais escolhas ora os perturbam (Mariano e Roquentim), porém os mesmos sabem que foram e são necessárias na construção de sua essência (ser).
Na perspectiva filosófica existencialista os personagens vivem momentos puramente humanos, ou seja, essa viagem na busca ou construção de sua essência faz parte da natureza humana universal (sentimentos, comportamentos, idéias, valores são naturais para a espécie humana) e é o que move e dá sentido à existência, à vida.

ChEiRo de RosAs e EsPinHos: AntRopoLOgia E EduCação

Como produzir sentido humanista ás nossas experiências no mundo da vida cotidiana? Como se entrelaçam essas experiências  tornando-se uma tatuagem no corpo / mente? Como sabemos o que sabemos?

Passeando pelo Universo da Antropologia deparei-me com uma obra intitulada de Antropologia e Educação de Gilmar Rocha e Sandra Pereira e estou embriagada por ela, logo na entrada do livro ouço Carlos Rodrigues Brandão entrelaçando algumas palavras sobre cultura e educação e vale refletir caminhando com os meus olhos e ouvidos.

                                ALGUMAS PALAVRAS SOBRE A CULTURA E A EDUCAÇÃO

Não somos seres humanos porque somos racionais. Essa idéia proveniente dos Filósofos do passado e que até hoje com freqüência é lembrada para nos qualificar pode ser correta, mas não é a completa nem a melhor. Somos humanos porque ao contrário dos outros seres com que compartilhamos a experiência da vida do Planeta Terra somos seres que  alçamos do sinal ao signo e dele ao símbolo, também somos seres que saltamos do mundo da natureza, de que ainda somos parte e do qual ainda dependemos bastante – para o mundo da cultura. “SOMOS SERES NATURAIS”, lembra Karl Marx, em alguns momentos, “mas somos naturalmente humano” completa ele. O que significa que sobre a natureza que nos é dada, construímo-nos a nós mesmos e aos nossos mundos. Por esse caminho nascemos um indíviduo biológico e nos tornamos – na medida em que somos socializados em uma cultura – pessoas sociais. Mas, não somos seres humanos apenas porque somos racionais ou simbólicos. Somos humanos porque somos seres”APRENDENTES” . nós sabemos e sentimos diferentemente dos animais nós sabemos o que sabemos, e nos sabemos sabendo( ou não sabendo); e nos sentimos sabendo e nos sabemos sentido. A relação entre a educação e a cultura é, portanto, mais do que apenas próxima. Ela é absolutamente íntima, interativa, inclusiva.





terça-feira, 10 de maio de 2011

Cheiro de Frutas e Flores SecAS: EtErno AprendimenTos




APRENDIMENTOS mais uma memória poética de Manoel de Barros, aqui ele faz aproximação entre o poeta e os filósofos, então, podemos perceber o quanto é importante o estado de observação, não a observação dos olhos da carne, mas a das entranhas do pensamento provocando uma sensação erótica com palavras e o gozo pleno do espírito, da sensibilidade de dizer coisas simples de modo singular. Vamos até lá com os olhos de Manoel de Barros e quem sabe construiremos os nossos APRENDIMENTOS.

O filósofo Kierkegaard me ensinou que cultura é o caminho que o homem percorre para se conhecer. Sócrates fez o seu caminho de cultura e ao fim falou que só sabia que não sabia nada. Não tinha as certezas científicas. Mas que aprendera coisas di-menor com a natureza. Aprendeu que as folhas das árvores servem para nos ensinar a cair sem alardes. Disse ele que fosse ele um caracol vejetado sobre pedras, ele iria gostar. Iria certamente aprender o idioma que as rãs falam com as águas e ia conversar com as rãs. E gostasse mais de ensinar que a exuberância maior está nos insetos do que nas paisagens .Seu rosto tinha um lado de ave. Por isso ele podia conhecer todos os pássaros do mundo pelo coração de seus cantos. Estudara nos livros demais. Porém aprendia melhor no ver, no ouvir, no pegar, no provar e no cheirar. Chegou por vezes de alcançar o sotaque das suas origens. Se admirava de como um grilo sozinho, um só pequeno grilo, podia desmontar os silêncios de uma noite!

Eu vivi antigamente com Sócrates, Platão, Aristóteles – esse pessoal. Eles falavam nas aulas: Quem se aproxima das origens se aproxima das origens se renova. Píndaro falava pra mim que usava todos os fósseis lingüísticos que achava para renovar sua poesia. Os mestres pregavam que o fascínio poético vem das raízes da fala.

Sócrates falava que as expressões mais eróticas são donzelas. E que a Beleza se explica melhor por não haver razão nenhuma nela. O que de mais eu sei sobre Sócrates é que ele viveu uma ascese de mosca. (Memória Inventadas : As infâncias de Manoel de Barros)

sábado, 7 de maio de 2011

Para FiloSofar: O SaL da TeRRa

Amor de Índio
Beto Guedes
Composição : Beto Guedes/Ronaldo Bastos

Tudo que move é sagrado
E remove as montanhas
Com todo o cuidado
Meu amor
Enquanto a chama arder
Todo dia te ver passar
Tudo viver a teu lado
Com arco da promessa
Do azul pintado
Pra durar
Abelha fazendo o mel
Vale o tempo que não voou
A estrela caiu do céu
O pedido que se pensou
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor
E ser todo
Todo dia é de viver
Para ser o que for
E ser tudo
Sim, todo amor é sagrado
E o fruto do trabalho
É mais que sagrado
Meu amor
A massa que faz o pão
Vale a luz do teu suor
Lembra que o sono é sagrado
E alimenta de horizontes
O tempo acordado de viver
No inverno te proteger
No verão sair pra pescar
No outono te conhecer
Primavera poder gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser tudo
Sim, todo amor é sagrado