TEMPEROS DA ALMA

Segundo Sartre, o poeta sente as palavras ou frases como coisas e não como sinais, a sua obra como um fim e não como meio, mas como uma arma em combate. Nietzsche , buscou na arte uma aprendizagem para Filosofia, mais ainda: uma experiência de vida em plenitude. Assim, por acreditar que há uma cumplicidade entre Arte e Filosofia que ambas são janelas através das quais podemos vislumbrar outras possibilidades para o pensar, analisar, comparar, conceituar e provocar mudança de atitude diante do que a vida tem de diferente .Além disso a Filosofia e a Arte provocam uma ação de desnudamento da ética e estética acordando palavras adormecidas, desencantando , encantando outras tantas palavras ditas e mal ditas. Mergulhada sobre a égide da minha própria existência como uma obra de arte em construção, da capacidade de ver no outro um outro de mim mesma e como alguém que usa da mística de encantar tornando mágico o existir lançando de outros olhares para Filosofar; compreender e viver melhor ! bem, essas foram as razões que me impulsionaram a criar esse espaço. Entre!! aqui é a nossa ágora. Traga o teu tempero: sal, alho, cravo,canela, cominho, mel, limão, gengibre ,colorau, cebola , camomila, gengibre, flores, cores, sabores , perfumes para Filosofar, Poetizar...Explicar o inexplicável, no explicável se perder para se achar,há em todos a loucura de cada um Ah! Vejo flores em você! Flor do Cerrado

sábado, 27 de novembro de 2010

ChEiRo de CrAvo E CanELa: AS PALAVRAS E AS COISAS

AS PALAVRAS TÊM ASAS E PODERES...


SINTO O CÉU NA TERRA,

E A TERRA LÁ NO MAR,

SINTO O VENTO SOPRAR,

E AS BORBOLETAS A VOAR E A VOAR...

SINTO CORES NAS PALAVRAS,

AZUL,

VERDE

A COR DO MAR!

AMARELO,

VERMELHO

E CHEGAM E COMEÇAM A ME ENFEITIÇAR!!!

SINTO CHEIROS NAS PALAVRAS,

ROSA,

JASMIM,

MADEIRA,

FLOR-DE – LARANJEIRA

DE LONGE E DE MUITO LONGE ESSE CHEIRO A SUSPIRAR:

AH! COMO FOI BOM TE ENCONTRAR

SINTO SABOR NAS PALAVRAS,

AMARGAS.

DOCES,

FEL E MEL,

TRISTEZAS E ALEGRIASS,

QUE JAMAIS IRÃO SE ENCONTRAR UM DIA,

SINTO O SOM NAS PALAVRAS

PAAA...

LAA...

VRAAS!!!!

CHEIAS DE ENCANTAMENTOS E ALEGRIA !!!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

CoMinHos e CaMinhos: O DocE Pensar

Cavalheiros da anunciação, assim eu os chamo três pensadores de tempos longíguos e diferentes que seduzem pela suas sensibilidades de falar do humano de forma humanizadora, humanizante com candura, empreguinados pelo cheiro da terra, das flores, da água que corre e do vento que sopra o nosso espírito, a voz do cosmo. Esse cosmo que nos aproxima e ao mesmo tempo nos distância, mas que nos leva a irmandade, pois nos alimenta, acolhe, abriga nas noites silenciosas, nos dias sombrios, nos dias chuvosos e nos dias de sol, nas noites estreladas e naqueles dias de luar.
Paulo Freire, Edgar Morim, Leonardo Boff nos conduzem a reflexão para estes dias certos e incertos a pensar na relação do homem com o meio ambiente e falam a partir do nosso chão que é a “educação” este chão árido e ardiloso nos coloca face a face como lapidadores desse homem capitalista tão orgulhoso e vaidoso que não abre mão da sua condição de Senhor da terra.
Esses cavalheiros anunciam que a nossa casa (cosmo) está ameaçada, agonizando e sutilmente sussurram que muito mais que contemplar é preciso mudança de atitude. Leonardo Boff em um artigo: Miséria na cultura: ”depressão e decepção” traz par á tona a reflexão da inversão de valores que vivemos e provoca um repensar no nosso jeito de viver indagando : para onde vamos? Ninguém sabe. Somente sabemos que temos que mudar se quisermos continuar. Mas já se nota por todos os cantos, emergências que representam os valores perenes da “condição humana”. Precisa-se fazer o certo: o casamento com amor, o sexo com afeto, o cuidado para com a natureza, o ganha-ganha em vez do ganha-perde, a” busca do viver” base para a felicidade que hoje é fruto da simplicidade voluntária e de querer viver bem ter menos para ser mais (Boff)
Em outro artigo onde faz uma referência a Dr. Zilda pelo seu trabalhão extraordinário enfatiza os valores do capital espiritual que sustentaram a sua prática, mais uma vez Leonardo Boff reforça a convicção de que não sairemos da crise de civilização atual se continuarmos com os mesmos hábitos e os mesmos valores consumistas e individualistas que temos. E lembra que a Dr. Zilda dizia que
Multiplicar o saber implica repassar às pessoas simples os rudimentos de higiene, o cuidado pela água, a medição do peso e a alimentação adequada às crianças. Esse saber reforça a auto-estima das pessoas e confere autonomia à sociedade civil.
Multiplicar a solidariedade que, para ser universal, deve partir dos últimos, buscando atingir as pessoas que vivem nos rincões onde ninguém vai, tentar salvar a criança mais desnutrida e quase agonizante.
Essa solidariedade é a que menos existe no mundo atual.
Multiplicar esforços, envolvendo as políticas públicas, as ONGs, os grupos de base, as empresas em sua responsabilidade social, enfim, todos os que colocam a vida e o amor acima do lucro e da vantagem. Mas, antes de tudo multiplicar a boa-vontade generosa.
Segundo Boff são estes conteúdos do capital espiritual que devem estar na base da nova sociedade mundial que importa gestar. O século XXI será o século do cuidado pela vida e pela Terra ou será o século de nossa autodestruição. Até agora globalizamos a economia e as comunicações.

Temos que globalizar a consciência planetária e multiplicar o saber útil à vida, a solidariedade universal, os esforços que visam construir aquilo que ainda não foi ensaiado. Amor e solidariedade não entram nas estatísticas nem nos cálculos econômicos, mas são eles que mais buscamos e que nos podem salvar.

No seu livro “ Cabeça bem feita” Edgar Morin traz o pensamento sobre a necessidade de uma reforma no pensar, que,conseqüentemente, modificará o ensino. Um grande desafio que conduz os indivíduos a pensar e repensar em como levar isso a termo. Naturalmente que se esse objetivo fosse atingido, se fosse possível espalhar e difundir a todos os setores da educação, uma nova maneira de pensar, a reforma do pensamento, modificaria a sociedade.
As portas se abririam para a construção de uma educação pluralista, democrática e que, com certeza garantiria uma nova visão para as futuras gerações.
Todo esse movimento de reformar o pensamento reflete sobre o mundo, altera os horizontes do olhar sobre a terra, sobre a vida, a humanidade se modifica, as artes, as histórias traduzem novas alternativas, as gerações adolescentes dividem outras perspectivas, a cultura se desvirtua e acima de tudo, o conhecimento se traduz de forma mais significativa.Para o ser humano, passar de indivíduo a sujeito deve ultrapassar a dimensão biológica, chegar ao conhecimento e atingir a complexidade. A alusão sobre a educação como transmissão de conhecimentos, quando, não basta uma cabeça bem cheia, melhor uma cabeça bem feita. Melhor saber o que se deve saber. Traz também, como ensinar a viver, como ensinar a compreensão das emoções para uma formação que realmente favoreça a autonomia do espírito. Uma educação que leve o homem a ser cidadão responsável e que compreenda seu espaço e o espaço que o envolve. O ensino como arte de ensinar, transmitir o saber e a cultura, permitindo compreender as condições do homem, do mundo e ajudando-o a viver melhor. O que a reforma do pensamento quer é educar os homens dentro de uma visão sistêmica, onde os conhecimentos estejam ligados. Onde o conhecimento envolva o conhecimento, onde haja uma união entre o pensamento científico e o pensamento humanista, onde se trabalhe com um sistema aberto, vive vendo e enfrentando as incertezas dentro de uma visão transdiscplinar.
Paulo Freire contribui com sua teoria propondo em suas teses uma revolução cultural. Para ele, a educação e o sistema de ensino não modificam a sociedade, mas a sociedade é que pode mudar o sistema instrucional. O sistema educacional pode ter um papel de destaque numa revolução cultural. Ele chama de revolução a consciente participação do povo. Logo, a pedagogia crítica, como uma constante, contribui para revelar a ideologia esquecida na consciência das pessoas. Segundo Freire todo educador deve acreditar que é possível ocorrer mudanças. Todos devem participar da história, da cultura e da política. Ninguém deve ficar neutro, nem estudar por estudar. Todos deveram fazer perguntas, não podemos ficar alheios. “Ser rebeldes e não resignados”.“É a partir deste saber fundamental: mudar é difícil mas é possível, que vamos programar nossa ação político-pedagógica, não importa se o projeto com o qual nos comprometemos é de alfabetização de adultos ou de crianças, se de ação sanitária, se evangelização, se de formação de mão-de-obra técnica.” (Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia) assim, o humanismo existencialista influencia de forma determinante a criação da perspectiva humanista em sua pedagogia. De maneira otimista, Freire considera o ser humano um ser-no-mundo e pela sua existência um ser-com-o-mundo. Os três cavalheiros da anunciação se coadunam, pois trilham pelo mesmo caminho quando se reportam a questão do saber pensar,questionar,rever valores, apontando sempre por aquilo que é sublime no ser humano,”a humanização”, solidariedade, o bem querer para o bem existir.





















TeMpO AmArGo: A FINITUDE DO SER

Na atualidade evita-se falar de morte, bem como de ver o corpo do moribundo, pois isto nos traz à consciência e a idéia de nossa própria finitude. Em função desta interdição da morte é comum o círculo de relação de o moribundo ocultar ao doente a gravidade do seu estado buscando assim poupá-lo desta provação. Mas, o que é a morte?. A morte sempre foi caracterizada pelo mistério e pela incerteza e, conseqüentemente pelo medo daquilo que não se conhece, estes mistérios desafiaram e desafiam as mais distintas culturas, as quais buscaram respostas dos mitos, na filosofia, na arte e nas religiões para tornar compreensível o desconhecido com o intuito de remediar a angustia gerada pela morte.  A morte, única certeza que temos na vida , é quase sempre tratada num tom solene, pesado” temeroso. José Luiz de Souza Maranhão diz que não se morre mais como antigamente, a partir desse enunciado a vida vai escorrendo na busca da compreensão da problemática da existência do ser humano, o encontro com o desconhecido. Em tempo distante era importante a presença dos parentes, amigos e vizinhos e que os ritos da morte se realizassem com simplicidade, sem dramaticidade ou gestos de emoções excessivos. O moribundo dava as recomendações finais, exprimia suas últimas vontades, pedia perdão e se despedia. O sacerdote comparecia e toda cerimônia fúnebre havia ritos a ser seguidos: fechava-se as janela,acendiam-se velas, aspergiam água benta na casa, cobriam espelhos, paralisavam relógios, os sinos dobravam. Os parentes do moribundo usavam vestimentas negras, não participação da vida social , representavam expressão de dor das saudades e dos dilaceramento da separação, eram respeitadas por um período para a cicatrização da ferida e para a reintegração dos parentes às condições normais da vida. Assim se morreu durante século. Num enfoque diferente, José Luiz de Sousa Maranhão, aborda , de forma crítica e provocante, questões importantes com a “repressão da morte” na sociedade capitalista á medida que a interdição em torno do sexo foi se relaxando , a morte foi se tornando um tema proibido. Assim, para uma sociedade dirigida para a produtividade e o progresso, não se pensa na morte e fala-se dela o menos possível , prolongar a vida é mais importante, para José Luiz de Souza Maranhão tornar a morte como um tabu é uma estratégia do capitalismo para mascarar o sistema de injustiças sociais. A sociedade ocidental contemporânea reduziu a morte e tudo a que está associado: um nada, ao negar a experiência da morte e do morrer , a sociedade realiza a coisificação do homem. Em seu livro a História da Morte no Ocidente, Philippe faz um tratado no ponto de vista histórico e sociológico de como o homem se comporta diante da morte, bem como a transformação dos ritos mortuários. Segundo Philipe pensar na morte pode nos ajudar a ceitá-la e a perceber que ela é uma experiência tão importante e valiosa quanto qualquer outra ao abordar este tema nos leva a caminhar de forma leve estabelecendo um romance de vida de forma poética e vai adentrando nesse universo das atitudes do homem diante da morte nos situando a partir da do que chama morte domada ( em seguida da morte de si mesmo, a morte do outro, a morte interdita.) . Diante do exposto é possível caminhar no vôo de possibilidades que tanto a literatura como a filosofia nos faz mergulhar ao tratar de qualquer tema e aos poucos irmos descobrindo que a beleza da arte, da literatura não está somente nos dedos de quem escreve, mas também no olhar de quem a vê.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

FILOSOFANDO: SABORES ARDENTES - PIMENTA COM GENGIBRE : TEMPERANÇA DA ALMA

trago em mim as dores do mundo e a delícia e a dor de ser o que 'SOU"

O aconchego da saudade é a memória, é lá que está a ausência de quem fica...vuoopt! é a brisa do vento que corre e leva o meu pensamento.



Não tenho certeza de mais naada!duvido até da minha existência.

domingo, 14 de novembro de 2010

TeMpEro da ALmA: MetAfíSiCa

Há um enorme abismo entre filosofia e poesia, mas há um encontro  entre elas   no meio desse abismo; se encontram ao tratar da existência humana. Poesia não é Filosofia e Filosofia não é poesia. Poesia é livre, é encantamento, voa, tem liberdade espiritual. A Filosofia é árida, lida com as emoções do Ser Humano mais racional, tem métodos, disciplina, para alguns é Ciência, Vejamos esse encontro da poesia e da filosofia, do poeta e do filósofo na poesia  de Fernando Pessoa: METAFÍSICA. Nessa poesia Fernando Pessoa tece longas indagações muito presente na mente humana no século XXI, a busca da compreensão dos mistérios que nos cercam.  DEUS,  FÉ e CIÊNCIA , RAZÃO.

FERNANDO PESSOA

( ALBERTO CAEIRO )

Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei.
Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa. Metafísica?
Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.

O SaBor do PenSar: PenSar PoR Si

Entre delírios e delícias faço sexo com a palavra, tenho orgasmo com o tempo e gozo com a vida. Rô

O F ilósofo Schopenhauer em sua obra: “Pensar por si” dizia que “ler e aprender são coisas que qualquer indivíduo pode fazer por seu próprio livre-arbítrio”, mas pensar não. O pensar deve ser incitado como o fogo pelo vento; pensar segundo Rubem Alves é voar sobre o que não se sabe e não existe nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas certas. Para isso existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre terra firme. Entretanto, somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido do conhecimento. Ah! Se não fossem as perguntas, as belas e complicadas perguntas, talvez não nos espantássemos com a realidade, não contemplaríamos a natureza, não faríamos ciência.

Pensar é caminhar por este mar desconhecido do conhecimento, enveredar por caminhos sem princípios dogmáticos possibilitando a indignação, o espanto, é provocar uma ação crítica ativa constante, é exercer e construir cidadania. O pensar pode ser puramente objetivo ou meramente subjetivo. O último existe em questões que nos dizem respeito pessoalmente. O interesse objetivo encontra-se somente nas cabeças que pensam por natureza, para as quais pensar é tão natural quanto respirar – Assim, a beleza de uma tela, não está nas tintas, mas na mente de quem a pensou ( Ruben Alves). Vamos pintar um mundo melhor para todos !, qual é a tua cor?

sábado, 6 de novembro de 2010

ChocoLatE CoM PiMeNta: O ENCONTRO

Ontem estive contigo. Hoje trago na memória o vivido e passo a refletir sobre esse encontro e outros tantos que já tive. Chove lá fora e aqui dentro de mim, estou encharcada de sentimentos de um tempo que já se foi. Tenho os olhos de estrelas, luz de raios de sol, aconchego e sensualidade da lua, sentimentos de ventos e o desejo de viver como uma imensidão de um céu, calado, espantoso e misterioso. Sinto-me como um pássaro preso na gaiola, acorrentada por esse sentimento que eu nem mesmo sei por quê. Os encontros me instigam sempre me instigarão. Tenho comigo que sempre estou além da presença de um corpo físico e me faz ver, sentir coisas que imprimem na minha alma uma tatuagem como marcas de um tempo. Tenho um pedaço de ti dentro de mim e não é questão de gênero e sim: humano demasiadamente humano. Não sei o porquê dos encontramos, e para quê? O que sei, se, é que sei, e me custa acreditar em determinadas explicações dos encontros entre os humanos, mas não me custa duvidar de tudo, e assim posso criar o mundo das possibilidades, dos mistérios que nos cercam. ““ Na minha vã filosofia não basta encontrar é necessário pensar sobre, na intenção talvez de fazê-lo ter sentido, então, me lembro das palavras de Sócrates:” Uma vida que não é examinada não merece ser vivida” examinar, vivê-la banhar-se nesse mar de dores e alegrias que é essa vida efêmera e talvez a caminho de lugar algum do nada. Se, por ora nos auto flagelamos, nos apunhalamos, e o sangue escorre pelos olhos e tudo escurece como dizia um poeta “as coisas muito claras me noturnam” (Manoel de Barros) nos perdemos, descontrolamos, a clareza do dia, a escuridão da noite, a escuridão do dia e a clareza da noite tudo se mistura, nesse mesmo instante exalamos o cheiro da nossa alma para que com ela saiamos de braços dados e só depois sorrir. Choramos, sorrimos, cantamos, descontrolamos, amamos, odiamos, nos encontramos. Onde está a beleza do encontro? No humano diante do humano, na presença e ausência dos muitos EUS em Nós, na espiritualidade das coisas que queremos ser e não somos o que não somos deixamos escapar e demonstramos ser, na mansidão das coisas muito claras, mas que nos noturnam. Na beleza de um toque, de um sussurro, um afago, de uma lágrima, um sorriso, que seja por um segundo, minuto, mas que se arrasta pela eternidade. De humano para humano, da dor, do amor e da sensibilidade de sermos o que somos ou pensamos ser.



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

DocE ViDa: Mémórias Inventadas

As asas de papel de Manoel de Barros começa pelo chão e se prolonga pelas memórias inventadas, com tom e cor, sabor embevecido de raízes e asas. Lá me encontrei com o divino vindo feito um vento, tropeçando em mim como um furacão . Ah! é a saudade que bate, lembro-me de Cazuza ao rememorar sua infância: (...) eu hoje acordei pensando, pensando... no tempo que eu era criança e de um passado que me traz uma lembrança... Subitamente em meio aos delírios do pensar recordo de uma frase sobre saudade: “Saudade é um amor que fica” algo doce e amargo talvez pela sua invisibilidade e individualidade. Recorro ao livro de Manoel de Barros: Memórias Inventadas que traduz de forma suave, doce esse sentimento que ora nos tortura com tamanha incompletude do ser. É, contagiante ver esse encontro entre literatura e filosofia criando imagens, construindo conceitos, revendo a vida e nos fazendo deitar nas nuvens, pisar macio e beijar o tempo. Fique nu e entre nesse túnel.

SOBERANIA:

Naquele dia, no meio do jantar, eu contei que tentara pegar na bunda do vento – mas o rabo do vento escorregava muito e eu não consegui pegar. Eu teria sete anos. A mãe fez um sorriso carinhoso para mim e não disse nada. Meus irmãos deram gaitadas me gozando. O pai ficou preocupado e disse que eu tivera um vareio na imaginação. Mas que esses vareios acabariam com os estudos. E me mando estudar em livros. Eu vim. E logo ali alguns tomos havidos na biblioteca do Colégio. E dei de estudar para frente. Aprendi a teoria das idéias e da razão pura. Especulei filósofos e até cheguei aos eruditos. Aos homens de grande saber. Achei que os eruditos nas suas altas abstrações que esqueciam das coisas simples da terra. Foi aí que encontrei Einstein ( ele mesmo o Albert Einstein). Que me ensinou esta frase: A IMAGINAÇÃO É MAIS IMPORTANTE DO QUE O SABER. Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu olho começou a ver de novo as pobres coisas do chão mijadas de orvalho. E vi as borboletas. E meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as próprias asas. E vi que o homem não tem soberania nem pra ser um bentevi.

Memórias Inventadas . As infâncias de Manoel de Barros.