TEMPEROS DA ALMA

Segundo Sartre, o poeta sente as palavras ou frases como coisas e não como sinais, a sua obra como um fim e não como meio, mas como uma arma em combate. Nietzsche , buscou na arte uma aprendizagem para Filosofia, mais ainda: uma experiência de vida em plenitude. Assim, por acreditar que há uma cumplicidade entre Arte e Filosofia que ambas são janelas através das quais podemos vislumbrar outras possibilidades para o pensar, analisar, comparar, conceituar e provocar mudança de atitude diante do que a vida tem de diferente .Além disso a Filosofia e a Arte provocam uma ação de desnudamento da ética e estética acordando palavras adormecidas, desencantando , encantando outras tantas palavras ditas e mal ditas. Mergulhada sobre a égide da minha própria existência como uma obra de arte em construção, da capacidade de ver no outro um outro de mim mesma e como alguém que usa da mística de encantar tornando mágico o existir lançando de outros olhares para Filosofar; compreender e viver melhor ! bem, essas foram as razões que me impulsionaram a criar esse espaço. Entre!! aqui é a nossa ágora. Traga o teu tempero: sal, alho, cravo,canela, cominho, mel, limão, gengibre ,colorau, cebola , camomila, gengibre, flores, cores, sabores , perfumes para Filosofar, Poetizar...Explicar o inexplicável, no explicável se perder para se achar,há em todos a loucura de cada um Ah! Vejo flores em você! Flor do Cerrado

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Doce de Sal : O sentido do SeR

Como é belo o pensamento  de Rachel de Queiroz para refletirmos sobre o Sentido do Ser a partir do pensamento de Heidgger. Temos diante de nós algo para ser refletido, algo que também pertuba a escritora Rachel de Queiroz o  que o filósofo  Heidgger irá tratar de: O despertar pela angústia, segundo ele analisando a vida humana  conseguiu descrever etapas básicas que marcam a existência e que, para a maioria dos homens, culminam numa existência inautência: o fato da existência - somos lançado no mundo; o desenvolvimento da existência ( o ser humano estabelece relações com o mundo); estamos sempre em busca daquilo que ainda  não somos , ou seja existir é construir um projeto; a destruição do eu  - o homem sofre a interferência de uma série de fatores adversos que o desviam de seu caminho existencial, trata-se do eu com os outros. Enfim, o homem em vez de tornar-se si mesmo, o homem torna-se aquilo que os outros desejam. Pensar sobre a angústia revela a nossa impessoalidade no cotidiano, o nosso abandono, ver o nosso próprio eu diante da opressão do mundo como um todo. Esse é um grande desafio para o ente(existência) do ser humano.  Heidegger (Fundamentos da Filosofia - Gilberto Cotrim)

domingo, 29 de agosto de 2010

DoCe e AmArga LiBerDadE ! IcaRo e FerNão CaPeLo GaiVoTa

Um dos fílósofos de nosso tempo, o que mais se dedicou a pensar a liberdadade foi o Francês Jean -Paul Sartre, para ele a liberdade é o próprio fundamento do ser  do homem. Ela está na raiz de seu comportamento, porque sempre temos que escolher Quem não se lembra da história de Fernão Capelo Gaivota? tudo que ele queria era voar  no sentido metáforico, ser livre, romper,o que aconteceu com ele?
e mais distante ainda lá na Grécia, qual era o sonho de Icaro? voar, voar, voar, subir, subir... Sempre a filosofia e a arte estão próximas, filosofia enquanto ferramenta do pensar pode nos auxiliar a entender melhor a liberdade e arte remexe nossas emocões, sentimentos essencialmente humano. A filosofia nos leva a refletir a questão da liberdade com várias cores, nuances e sabores como: Liberdade e determinismo, será que somos realmente livres? existe destino? Liberdade e escolha:  Será que podemos escolher tudo que queremos? será que posso escolher "mais ou menos" ? Liberdade e situação: o que é liberdade? liberdade é escolha? Liberdade e responsabilidade: Somos responsáveis por aquilo que escolhemos? Liberdade e sociedade: a minha escolha interfere na vida do outro? sou livre sozinho? é por essas e outras questões que Sartre afirma que é quando escolho que me torno humano,e escolho não apenas a mim, mas a toda a humanidade.

domingo, 22 de agosto de 2010

domingo, 15 de agosto de 2010

DoReS eXisTeNcIaiS: CoMiDa De ALmA


A relação entre filosofia e literatura transcende os limites segmentados, departamentalizados e provocam o rompimento dos saberes dogmáticos, revelando uma aproximação entre elas, permitindo diálogo e um perfeito encontro de interlocução que ora se completam e se fundem. Se não for pela beleza da sensibilidade que determinados escritores nos apresentam a vida a ponto de nos questionarmos : E a vida que imita a arte ou arte que imita a vida? Ou pelo simples fato de fazermos uma ginástica com o pensamento conduzidos pelas marcas deixadas em textos literários por grandes filósofos ? Desvendando mistérios e construindo outros? Talvez seja simplesmente pelo fato das duas áreas de saberes desbanalizar o que nos parece banal ? aqui então entramos no campo da Filosofia ou da Literatura ? Seja qual for a resposta o perguntar é sempre importante, problematizar é necessário para construirmos novos conceitos, rever outros, veja   a crônica de Nina Horta e sinta o desconforto que ela provoca e a beleza do encontro da Literatura e a Filosofia com o tema: Comida da Alma.

Comida de alma é aquela que consola, que escorre garganta abaixo quase sem precisar ser mastigada, na hora de dor , de depressão, de tristeza pequena. Não é, com certeza, um leitão pururuca, nem um menu nouvelle seguido à risca. Dá segurança, enche o estômago, conforta a alma, lembra a infância e o costume. É a canja de mãe judia, panacéia sagrada a resolver os problemas de náusea existencial. O macarrão cabelo-de-anjo cozido mole e passado na manteiga. O caldo de galinha gelatinoso, tomado às colheradas. São as sopas. O leite quente com canela, o arroz-doce, os ovos nevados, a banana cozida na casca, as gelatinas, o pudim de leite. Nora Ephron, autora de A difícil arte de amar, com o casamento acabado, grávida, enjoada, traída, vota pelo consolo de batata: “Nada como um bom purê quando se está deprimido. Nada como ir para a cama com um prato fundo de batata já saturada de manteiga e metodicamente ir adicionando mais uma fatia fina de manteiga a cada garfada.


Comida da alma tem de ser neutra. Sorvete é comida de alma? Não é. Tem um pique gelado que a tristeza não suporta. A temperatura deve estar entre ambiente e morna. Chocolate vale? Não, nem pensar. É sexy, sedutor, pressupõe prazer e culpa. Tudo tem de ser especial na comida de alma. Tia Léonie de Proust comia seus ovos de creme em pratos rasos, com desenhos e legendas. Punha os óculos e decifrava contente: “Ali Babá e o quarenta ladrões”, ou “Aladim e a lâmpada maravilhosa”. O mingau de aveia ou fubá pode ser em prato fundo, o quadrado de manteiga se derretendo por cima. O leite em boa caneca grossa, o chá em xícara inglesa florida, e, para os casos extremos, a mamadeira, é claro. A comida, de preferência, deve ser bebida aos goles ou tomada de colher. A faca é quase sempre supérflua. Um livro português trata do assunto, mostrando que a preocupação com comidas de alma vem de longe. É O cozinheiro indispensável ( Porto, 1844), que traz um subtítulo enigmático: Guia prático dos enfermos pobres, dos doentes ricos e dos convalescentes remediados. Dá receitas como o caldo conformativo, uma papinha pastosa, de se comer com lágrimas nos olhos.

(HORTA, NINA. Não é sopa – crônicas e receitas de comida. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. P 15 -6)