TEMPEROS DA ALMA

Segundo Sartre, o poeta sente as palavras ou frases como coisas e não como sinais, a sua obra como um fim e não como meio, mas como uma arma em combate. Nietzsche , buscou na arte uma aprendizagem para Filosofia, mais ainda: uma experiência de vida em plenitude. Assim, por acreditar que há uma cumplicidade entre Arte e Filosofia que ambas são janelas através das quais podemos vislumbrar outras possibilidades para o pensar, analisar, comparar, conceituar e provocar mudança de atitude diante do que a vida tem de diferente .Além disso a Filosofia e a Arte provocam uma ação de desnudamento da ética e estética acordando palavras adormecidas, desencantando , encantando outras tantas palavras ditas e mal ditas. Mergulhada sobre a égide da minha própria existência como uma obra de arte em construção, da capacidade de ver no outro um outro de mim mesma e como alguém que usa da mística de encantar tornando mágico o existir lançando de outros olhares para Filosofar; compreender e viver melhor ! bem, essas foram as razões que me impulsionaram a criar esse espaço. Entre!! aqui é a nossa ágora. Traga o teu tempero: sal, alho, cravo,canela, cominho, mel, limão, gengibre ,colorau, cebola , camomila, gengibre, flores, cores, sabores , perfumes para Filosofar, Poetizar...Explicar o inexplicável, no explicável se perder para se achar,há em todos a loucura de cada um Ah! Vejo flores em você! Flor do Cerrado

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

DocE ViDa: Mémórias Inventadas

As asas de papel de Manoel de Barros começa pelo chão e se prolonga pelas memórias inventadas, com tom e cor, sabor embevecido de raízes e asas. Lá me encontrei com o divino vindo feito um vento, tropeçando em mim como um furacão . Ah! é a saudade que bate, lembro-me de Cazuza ao rememorar sua infância: (...) eu hoje acordei pensando, pensando... no tempo que eu era criança e de um passado que me traz uma lembrança... Subitamente em meio aos delírios do pensar recordo de uma frase sobre saudade: “Saudade é um amor que fica” algo doce e amargo talvez pela sua invisibilidade e individualidade. Recorro ao livro de Manoel de Barros: Memórias Inventadas que traduz de forma suave, doce esse sentimento que ora nos tortura com tamanha incompletude do ser. É, contagiante ver esse encontro entre literatura e filosofia criando imagens, construindo conceitos, revendo a vida e nos fazendo deitar nas nuvens, pisar macio e beijar o tempo. Fique nu e entre nesse túnel.

SOBERANIA:

Naquele dia, no meio do jantar, eu contei que tentara pegar na bunda do vento – mas o rabo do vento escorregava muito e eu não consegui pegar. Eu teria sete anos. A mãe fez um sorriso carinhoso para mim e não disse nada. Meus irmãos deram gaitadas me gozando. O pai ficou preocupado e disse que eu tivera um vareio na imaginação. Mas que esses vareios acabariam com os estudos. E me mando estudar em livros. Eu vim. E logo ali alguns tomos havidos na biblioteca do Colégio. E dei de estudar para frente. Aprendi a teoria das idéias e da razão pura. Especulei filósofos e até cheguei aos eruditos. Aos homens de grande saber. Achei que os eruditos nas suas altas abstrações que esqueciam das coisas simples da terra. Foi aí que encontrei Einstein ( ele mesmo o Albert Einstein). Que me ensinou esta frase: A IMAGINAÇÃO É MAIS IMPORTANTE DO QUE O SABER. Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu olho começou a ver de novo as pobres coisas do chão mijadas de orvalho. E vi as borboletas. E meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as próprias asas. E vi que o homem não tem soberania nem pra ser um bentevi.

Memórias Inventadas . As infâncias de Manoel de Barros.



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