Recentemente li a obra de Manoel de Barros, um bálsamo para alma, um aconchego para os corpos inquietos, um assombro para os olhos, um poeta de letra miúda, gente da gente, pantaneiro, homem de gosto simples e de alma imensa que não basta a si mesmo. Passendo pelas ruas de Campo Grande, cidade morena, vi inúmeros outdoors homenageando o tão ilustre poeta Manoel de Barros com citações de cunhadas por ele mesmo. Pascoal Soto imbuido pelo espiríto poetico tece alguns comentários sobre a obra de Manoel de Barros: O fazedor de amanhecer, dizendo que era primavera de 2000 quando Manoel de Barros, através de uma carta, anunciou seus últimos inventos. Em letra miúda, o poeta declarava ter engenhado três máquinas revolucionárias:"(...) uma manivela para pegar no sono, um fazedor de amanhecer para usamentos de poetas e um platinado de mandioca para o fordeco de meu irmão". Como se não bastasse, Manoel ainda falava de como bernardo-árvores transformou-se em passarinho e foi viver no cerrado, forma de araquã. Mas a letra miúda do poeta ainda guardava outras surpresas, outras revelações. Manoel havia descoberto o maior dos presentes, ele revelava Deus: o amor. Emocionado e agradecido com o presente, ele revelava como chegou a passar as mãos nos cabelos de Deus e, entre parênteses, concluía: "Se a gente não der o amor, ele apodrece em nós". Quantas notícias... quantas lembranças...quantas milagres estéticos... E agora? quem deveria de traduzir os delírios verbais de Manoel de Barros, essas imagens poéticas que me mais parecem habitar uma outra dimensão da vida?
Ziraldo foi convidado para ilustrar a obra de Manoel de Barros, ele topou. O poeta Manoel de Barros que andava muito com seu próprio silêncio. Ziraldo concordou, ao que Manoel respondeu; "Se o Ziraldo topou fazer a ilustração, eu também ficarei ilustre' O fazedor de amanhecer é o registro da união desses dois gêneros"maluquinhos". Dois grandes homens que nunca deixaram de ser crianças.
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