"Até que nem esóterico assim. Se eu sou algo incompreensível, meu Deus é mais. Mistério sempre há de pintar por aí. Gilberto Gil.
Espiritualidade e Nietzsche
Espiritualidade pode ser traduzida em atividade intelectual para o pensador alemão. Nietzsche diz que o Homem vai ter uma moral, com virtudes próximas aos cristianismo, como a compaixão, a justiça e a caridade. Mas essas virtudes não podem ser adquiridas: existem ou não no homem. Schopenhauer não estimula essa idéia, ele acredita que a virtude não se ensina. O gesto de compaixão pode acontecer, mas é exceção. Nietzsche, que tem grande influência de Shopenhauer em sua filosofia, diferencia-se deste ao ter uma visão mais afirmativa da vida. Enquanto para Schopenhauer a vida é sofrimento, dor e tédio e a única solução para isso é a cessação de todas as vontades, um caminho rumo ao nada. Nietzsche quer afirmar a vida apesar de todos os seus reveses. Dizer sim à vida, apesar da ausência de sentido. Nietzsche se contrapõe a Schopenhauer, que não vê uma saída para a existência do mundo tal como se apresenta. Por outro lado para Nietzsche, a compaixão é negativa é “ uma doença”, vê na compaixão e na religião cristã tudo o que deve ser banido. Ele afirma que, apesar de não haver consolos-sejam religiosos ou morais –é preciso afirmar a vida por ela mesma, mesmo sem nenhuma promessa de imortalidade e de um Deus justo. O cristianismo é, para ele, um falso consolo. Já em Schopenhauer, a vida é condenada por si mesma, porque é sofrimento. O negar da própria vida, visto como um traço pessimista da filosofia de Schopenhauer, não é um incentivo ao suicídio, mas uma negação da vontade em si mesma, um ascentismo. O asceta nega em si o querer viver, aceita uma vida mínima. Isso porque a vida em si é sofrimento, dor, ou , se não é desejo infinito, é o tédio. Um desejo uma vez satisfeito dá lugar a outro. Querer viver é um acúmulo de desejos incessantes e isso traz a dor. Schopenhauer foi quem introduziu o budismo e o pensamento indiano na metafísica alemã, combatia a visão cristã do mundo, faz uma análise profunda sobre a espiritualidade e como se livrar desse sofrimento de um mundo melancólico, e distingue dois meios. Um deles é amenização da dor por meio da arte, o que nos traz um alívio momentâneo. E a dor pode ser ultrapassada também por meio da contemplação, quando cessam todos os desejos. É nesta parte que irá aparecer um carinho especial pelo budismo e pelo hinduísmo, por terem a capacidade de libertar o individuo das vontades. A contemplação seria a suprema felicidade.
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