O amor é uma vivência que se manifesta de várias maneiras: amor materno, amor paterno, amor pela pátria, amor a si mesmo, amor erótico, amor a Deus, amizade, amor pela natureza, etc. Filosoficamente podemos pensar sobre o amor do ponto de vista micro, ou seja, relação homem- mulher e do ponto de vista macro – a sociedade. Quero filosofar com tempo a respeito desses aspectos do amor. Hoje, vou compartilhar com você um texto de Carlos Drummond de Andrade intitulado: Maneira de Amar. Desejo que um novo olhar sobre esse jeito estúpido de amar para muitos se redimensione na medida em que somos aprendizes da vida.
MANEIRA DE AMAR
O jardineiro conversava com as flores, e elas se habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe contava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos por natureza.
Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as flores não comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na ocasião devida.
O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mandou-o embora, depois de assinar a carteira dele de trabalho.
Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude. A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem. ”Você o tratava mal, agora está arrependido?” as flores comentaram. O girassol disse: Não. Respondeu: Estou triste porque agora não posso tratá-lo mal. É a minha maneira de amar, ele sabia disso, e gostava”.
Para filosofar: Existem pessoas que têm essa maneira de amar? E, que sabem disso e compreendem essa jeito de amar?
Contos plausíveis. Carlos Drummond de Andrade
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